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É proibido fumarÉ proibido fumar Imaginem o cenário: sábado a noite. Vila Madalena, o bairro dos bares de São Paulo. Pub, lugar direcionado para consumo de bebidas. Imaginaram? Pois bem, agora acrescentem o seguinte detalhe à cena: ninguém está fumando!

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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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É proibido fumar... diz o aviso que eu li!

nota: esse post é genérico. pode ser que você não se identifique com ele. não se sinta ofendido, mas estou citando uma maioria aqui e, literalmente, generalizando, para não precisar escrever "alguns", "quase todos" ou "a maioria" na frente das frases sempre. fica o recado! ;)


Imaginem o cenário: sábado a noite. Vila Madalena, o bairro dos bares de São Paulo. Pub, lugar direcionado para consumo de bebidas. Três áreas diferentes no Pub: um com um bar, outro com uma banda e um putsputsputs de fundo, e o terceiro com mesas, decoração de esportes e um lugar para jogar sinuca. Imaginaram? Pois bem, agora acrescentem o seguinte detalhe à cena: ninguém está fumando!

Outro cenário: pequeno escritório em São Paulo. Pessoas trabalhando. Telefones tocando. Impressoras comendo papel. Imaginaram? Pois bem, agora acrescentem o seguinte detalhe à cena: tem gente fumando!


Esses dois cenários, fizeram, de uma forma muito estranha, parte da minha vida na última semana. Uma semana depois da Lei Anti Fumo entrar em vigor em São Paulo, fui em um Pub na Vila Madalena, com aquela curiosidade de saber se a lei estava realmente sendo levada a sério. Qual foi minha surpresa ao perceber que, além das inúmeras placas indicando que era proibido fumar naquele local, ninguém tinha cigarro nas mãos, na boca ou em qualquer outro lugar. Em compensação, convivo todos os dias com pessoas que, literalmente, estão nem aí se atualmente é proibido fumar.

Costumo dizer que o grande problema da humanidade é o egoísmo. Se as pessoas parassem de pensar nelas mesmas e se preocupassem, nem que fosse um pouco, com o bem estar do próximo, muitas brigas, mortes e doenças nem existiriam. E uma das coisas que mais me irrita em fumante é esse egoismo. Não importa quem está do lado, não importa quem está na frente, o importante é a necessidade de se acender o cigarro.



Desde que saiu a lei anti fumo, antes mesmo dela entrar em vigor, acompanhei matérias, posts e comentários a respeito. Quem é contrário, cisma na tecla de que a lei fere a liberdade e os direitos dos fumantes. Vamos analisar esse fato?

Primeiramente, a lei não proibe o cigarro. Quer fumar? Ainda pode. Fume na sua casa ou na rua. Quer coisa mais simples? Não entendo porque a liberdade e o direito de alguém de respirar um ar saudável deve ser contraposto pela liberdade e direito de alguém estragar sua saúde. Por que é educado acender um cigarro em meio a não fumantes e é falta de educação pedir para que alguém o apague? Por que é legal liberar o fumo em qualquer lugar e é contra lei querer respirar um ar livre de substâncias cancerígenas?



Certa vez, depois de fazer um exame de sangue, minha médica me disse que se eu quisesse me matar, bastaria acender um cigarro. Tenho rinite atacada, tendencia a sinusite, bronco espamo e uma tal sindrome que me faz ter uma alergia absurda de cigarro, a ponto de poder me matar um dia. Ou seja, cigarro é mais letal para mim do que um vírus de gripe suína. Em contrapartida, convivo com fumantes desde que nasci. Minha mãe fumou até eu ter uns 11 anos. Minha vó fumou até sofrer dois derrames. Quase todos os meus amigos de faculdade fumavam, a ponto de minha amiga me batizar de "aspirador" - de tanta fumaça que eu aspirava. Mas o pior veio há um ano: trabalho em um lugar onde todos da minha sala fumam.

Nesse último ano venho sentindo minha respiração mais falhada. Não fico um único dia sem tossir ou sem ter que limpar o nariz a cada meia hora. Quando passo adstringente no rosto, no final do dia, o algodão sai preto. Da cor do meu notebook. No último mês intensificaram-se minhas faltas de ar. Por quê? Porque, passivamente, devo fumar uns 10 cigarros por dia. No mínimo. Todos sabem que não posso com cigarro, mas no que isso muda a atitude dos outros? Em nada. O cigarro já foi colocado em pauta diversas vezes no trabalho, e as justificativas são as mesmas: "vou morrer de qualquer jeito", "cigarro só faz mal para mim", "o vício é meu e paro se eu quiser", "não ligo se alguém fumar do meu lado".

E é aí que mora o egoísmo. Afinal, não estamos falando de alguém viciado em café ou chocolate, cujo vício interfere nele e somente nele. Estamos falando de uma droga que atrapalha a vida de todos que está ao redor. Ao fumar um cigarro, você não coloca em risco apenas a sua saúde, mas também a saúde daquele que está próximo a você. E ainda, de um modo pior: já que a pessoa não tem um filtro na boca e nem o prazer que você sente ao inalar essa fumaça.


A lei serve apenas para que todos possam viver em harmonia. Para que não fumantes possam jantar sossegados sem se preocuparem com a fumaça vindo do outro lado do restaurante. Para que todos possam sair a noite sem se preocuparem com a fumaça impregnando suas roupas, cabelo e pulmões. E de um modo um tanto quanto obsoleto, ajuda os fumantes a diminuirem seus cigarros. Afinal, todo mundo consegue ficar duas horas no cinema sem fumar, certo? Meia hora dentro do metrô sem acender um cigarro. Uma hora em uma consulta médica. Então, por que não ficar sem fumar no trabalho, balada ou restaurante?


Lógico que algumas coisas podem ser mudadas: baladas e bares podem fazer áreas externas, sem paredes ou toldos, cujo ar não interfira nos demais e onde fumantes possam dar suas baforadas em paz. Não seria um fumódromo, como a lei proibe, mas um lugar livre, como a lei permite. Mas no ambiente interno, tudo continua como está. Porque, garanto, não há nada melhor do que poder sair para se divertir com os amigos, enxergar as mesas e as pessoas sem interferencia do cigarro, poder rir a vontade sem se preocupar em respirar fundo e inalar fumaça, e voltar para casa apenas com lembranças na memória, e não nas roupas ou cabelos.

Aos poucos a lei está invadindo os outros estados, e fico feliz com isso. Espero que o Brasil consiga mostrar que é sim, um país civilizado, e sabe respeitar o direito de todos de manter seus pulmões limpos. Afinal, quer fumar? Fume. Mas bem longe de mim. Não sou obrigada a fumar junto. E cada um no seu quadrado, porque, finalmente, o meu está sendo respeitado!